sábado, 26 de março de 2011

sozinho

O café esfriando na caneca, a chuva molhando a janela e o ponteiro do relógio mostrando que sabe gritar as horas que eu passo aqui, sozinho.

Minha vida é sem muitas surpresas, tão morna quanto meu café, quanto minha falta de fé, que esfria, tão explicável quanto tudo ao meu redor, pois se outrora eu questionava minhas escolhas sábias, agora me contento com o descontentamento, angustia de sempre saber mais.

Seria então a ignorância uma chave para a felicidade?

Ou seriam os sonhos?

Ou seriam as crenças?

Afinal, descubro que não posso saber de tudo, na verdade, não sei de quase nada.

quinta-feira, 24 de março de 2011

As rosas pretas do meu jardim

Querido jardineiro, queria te dizer algumas coisas sobre seu jeito de podar meu jardim, acredito nos seus dons, não duvido de seus anos de experiência, porem, me escute:

A rosa que é sufocada não cresce como as outras, não, ela começa crescendo torta, crescendo irregular.

Uma rosa feia muda a paisagem de um jardim inteiro de rosas belas e vistosas, ela é a primeira a ser notada, você não o vê ?

Pobre rosa de cor preta, ardor murcho e aspecto frio, rosa a qual incomoda o olhar daqueles que não querem vê-la.

Uma rosa preta em um jardim de rosas vermelhas cresce com os espinhos em sua carne, cresce com o orvalho de lágrima em seus olhos, mas cresce.

Querido jardineiro você não o percebe ?

A rosa preta é muito mais bonita do que as outras rosas, pois é a primeira a ser vista, mesmo que repudiada, não se pode ter duvidas em relação a rosas pretas, ou a odeiam, ou a amam.

A rosa preta sabe quem ela é, sabe o quão difícil é ser diferente, veja, a rosa preta sempre é a que cresce mais, a que se liberta do fato de ser uma rosa e sempre precisar ser perfeita.

Querido jardineiro, para concluir te peço que não arranque mais as rosas pretas do meu jardim, pois são elas que o torna especial.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Minha senhora

Dê-me um beijo seu, que meu silencio se transforma em lindas palavras, aquelas que calei muitas vezes, para não sujar seus ouvidos.

Me dê sua mão, que meu caminho se torna um dos mais belos jardins, com todas as cores e perfumes seus.

Dê-me a certeza de ser tudo o que meus olhos vêem, diga-me sim. Então menina, meu mundo merecerá seus pés.

domingo, 6 de março de 2011

Duas

Por que não?

Se no espaço entre duas bocas

não cabem palavras de idealismos.

Se no abraço entre duas roupas

não resta frouxidão para abismos.

Se nos olhares das supostas loucas existe amor.

Por que não então?

Se nessa valsa se enlaçam dois vestidos.

Se nessa sintonia ouvem o som de corações vencidos.

Se nesse chão pisam dois saltos altos

que saltam por um amor que se fez maior que tudo.